terça-feira, 26 de outubro de 2010

Vazio

Faz algumas noites que eu não durmo bem e aproveito pra destruir ainda mais meus conceitos prontos sobre tudo. Meu sono foi embora junto com a minha paz e com minha auto estima, junto com minha paciência, com minha esperança e com meu ego.
Tudo anda em silêncio demais dentro de mim, sinto-me lenta, fria e presa a algo que eu simplesmente não consigo me desvincular, mas algo ruim, algo que me destrói.
Sabe, pai.. Amanhã eu faço 18 anos. Sou uma mulher que tem muito de menina dentro de si, e você sabe disso, porque me conhece, pelo menos é o que eu acho. Não adianta mais eu fingir que sou forte feito um lobo se sou apenas como um girassol que só sabe se guiar mediante ao sol ou como um pássaro recém saído do ovo. Mas sabe pai, eu aprenderei a voar sozinha. E um dia, eu não vou mais sentir mais medo da liberdade, da solidão ou de mim mesma, como eu sinto agora. Você também voou, mas pra longe de mim, me deixou no ninho e eu tive que me virar pra respirar. Eu senti frio sem você, senti medo sem você, senti dor e saudade. Mas aprendi que não se morre tão fácil assim. Pelo menos, por mais limitado que o seu corpo esteja de tantas decepções, você morre por dentro mas continua a viver por fora e, aos poucos você simplesmente se acostuma a sofrer. O sofrimento se tornou algo diário pra mim, presente no meu cotidiano e quando o vazio some que eu me assusto. Você sabe que o que eu tenho mais medo é da solidão, então porque fez isso comigo? Porque me abandonar? Porque me obrigar a escrever sobre dor? Porque me educou dessa forma? Eu preciso errar, pai. Eu preciso gritar com você e dizer que se eu sobrevivi até hoje foi porque eu sou um pássaro que está aprendendo a voar sozinho. Preciso dizer que eu choro por você todos os dias, todas as noites, sempre que me recordo como o ninho era quando você estava aqui..
Mas pai, eu espero que não demore pra eu te ligar e dizer que tudo está bem sem estar mentindo, pra eu não sentir mais a dor que sinto que me faz perder o sono. Não vejo a hora de te dizer: Aprendi a voar. E, ao desligar o telefone, não sentir mais nenhuma lágrima rolar no meu rosto.

2 comentários:

  1. Nossa que lindo Dri... e triste também né... mas sabe, eu acho que um dia a gente aprende a vencer a dor e o sofrimento e dar mais valor aos momentos bons. Acho que a idade não influencia muito nessa coisa de 'aprender a voar sozinha', e sim o que temos dentro de nós, a nossa força.

    Se precisar, eu tô aqui. ;)
    beijoo.

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